Policiais Federais estão otimistas com criação de Ministério da Segurança Pública

Representantes dos policiais federais receberam com otimismo o anúncio da criação do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, feito pelo presidente Michel Temer neste sábado (17). O presidente da Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef), Luís Antônio Boudens, acredita que a formação da pasta vai favorecer a discussão sobre as causas da crise que atinge o setor. “O modelo de segurança pública brasileiro não tem paralelo em nenhum lugar do mundo, é comprovadamente ineficiente e claramente negligenciado pelo Governo”.

A criação do Ministério vinha sendo discutida no governo e ganhou força com necessidade de resposta à mais recente onda de violência no Rio de Janeiro. Segundo um esboço feito pelo Palácio do Planalto, a pasta englobará a Polícia Federal, a Polícia Rodoviária Federal e a Secretaria Nacional de Segurança Pública.

Para Boudens, um Ministério especifico, voltado apenas para a Segurança Pública, pode dar celeridade a uma eventual reforma do setor. No entanto, alerta que há um consenso na carreira de que sua constituição deve incluir uma Politica Nacional de Segurança Pública e, obrigatoriamente, passar por uma discussão profunda entre as representações dos Órgãos envolvidos.

“Existe uma confiança no projeto, mas não a ingenuidade de ele será a solução de décadas de negligência por parte dos governos. Se ter de um ministério próprio fosse, por si só, a solução, a saúde e a educação, por exemplo, não enfrentariam tantos problemas”.

Segundo a Fenapef há uma série de medidas que podem ser aplicadas em caráter imediato, que são de baixo custo e têm reflexo comprovado nos índices de criminalidade. “Se o objetivo é modernizar o setor, dotá-lo de mais eficiência, vamos usar novos componentes, dar encaminhamento a propostas que há muito são discutidas nos bastidores políticos e exaustivamente estudados pelos próprios policiais federais”.

“Gestor do Ministério de Segurança Pública precisa ter boa relação com policiais”
Questionado sobre os principais desafios para a consolidação do Ministério da Segurança Pública, Boudens afirma que será necessário superar questões corporativistas e afastar as relações inconstitucionais de hierarquia do debate, que deve ser democrático. “Será necessário muito trabalho e um gestor que, além de conhecer o tema, tenha trânsito e boa relação com as representações policiais”.

Boudens, que também é agente de polícia federal, minimiza riscos de interferências políticas com a criação da pasta. “Os policiais federais que integram as equipes de investigação conhecem seu compromisso com a sociedade. Até aqui, o Ministério da Justiça não influenciou o nosso trabalho, não acreditamos que ocorrerá em virtude de uma mudança de estrutura”.

Agência Fenapef